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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

o que você prefere?


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É impreterível que você leia esta mensagem até as 14h.


Qual das quatro sentenças acima lhe parece mais simpática? E qual está mais presente nas suas conversas diárias com os colegas de trabalho?

Pois bem. É comum observarmos em empresas e mesmo nas nossas relações com vendedores, empregadas domésticas, recepcionistas e demais profissionais que, diariamente, nos atendem, certa atitude impositiva.  Parece que todos estão lá para nos servir. Ora, pagamos pelos serviços, somos chefes, estamos num cargo melhor, somos os clientes. Enfim, somos mais e melhores, não é mesmo? Não, não é mesmo.

São muitos os que gostam de dar ordens. Querem ser autoritários e estar, sempre, certos. A tolerância é baixa. Não admitem erros, sugestões, críticas e um tempo maior que o piscar de olho para que suas prioridades sejam resolvidas. Claro que há exagero nessa afirmação. Mas, dessa forma, fica mais fácil identificar certos comportamentos. Contudo, não significa aceitar maus serviços e descasos.  

Todavia, custa muito começar uma frase, na qual vamos solicitar algo, com um singelo “por favor, você pode me ajudar?” Tudo bem que estamos pagando para fulano fazer isso, antes que alguém o diga, mas qual a dificuldade em ser gentil?

A revista Vida Simples lançou uma campanha bem bacana: “O Dia da Gentileza”. Três de outubro foi um convite aos leitores e seguidores das redes sociais a observaram com atenção os aspectos do cotidiano e a forma com que se relacionam com o outro. Foi, ainda, um atrativo para que as pessoas postassem frases ou descrevessem comportamentos gentis que tiveram ou receberam. As respostas foram desde emprestar um cantinho do guarda-chuva e demonstrar carinho gratuito até triplicar a paciência com a mocinha do telemarketing e, simplesmente, agradecer. Sim, o “obrigado” igualmente se tornou raro. São posturas que afetam o mundo inteiro, já que há até um movimento internacional em prol da gentileza, o World Kindness Movement, celebrado em 13 de novembro.

Em compensação, outra expressão passou a ser sinônimo de gente importante, o “não tenho tempo”. Frequentemente, ouvimos “agora não posso”, “agora não dá”, “ando muito ocupada, ocupado”, o que, em outras palavras, significa “você não é importante para mim agora, não é minha prioridade”, “antes de lhe ouvir, tenho que atualizar minhas redes sociais, checar minhas cinco contas de e-mail e dar uma olhada no resumo das novelas.” Para mim, duas coisas são broxantes: chegar super empolgada para falar com alguém e ver uma palma de mão aberta em minha direção dizendo “espere”. Outra é deparar-me com e-mails corporativos mal educados. Concordo, vocês estão certos. Não há tempo a perder, tudo tem que estar pronto antes mesmo de ser solicitado e desculpe-me se esqueci de algo.

Dias ruins todos têm, mas viver assim pode afastar boas pessoas de nosso convívio. Além de tornar tudo mais penoso. Por enquanto, prefiro o aforismo da escritora ruandesa Immaculée Ilibagiza: “se você precisar escolher entre estar certo ou ser gentil, escolha ser gentil."

Fica como reflexão, isto é, se você tiver um tempinho ;-)

2 comentários:

  1. Kátia,
    Adorei. O detalhe de simplesmente dar atenção e ser gentil pode mudar muita coisa. É aquela história, a gente muda o mundo com essas pequenas atitudes.
    Bom dia pra vc e consegui um tempinho pra ler seu post =))

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  2. "Qual a dificuldade em ser gentil?" - essa pergunta que você fez eu também sempre faço a mim mesma e, quando resolvi abrir, disseram-me que sou melindrada. Uma pena. Prefiro continuar com as palavras do profeta: gentileza gera gentileza. Belo texto, Kátia!

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